Escolhendo notas

terça-feira, julho 03, 2007

Humana

Estruturei minha música como convinha, utilizando os números 6 e 2 para representar a humanidade. Sua imperfeição. Imaginando que da combinação desses números (multiplicação), chegaria ao perfeito 12.
Mas minha música representando a humanidade se rebelou. Quis ser expulsa do paraíso. Quebrar a perfeição da estrutura. Quis ser bela, antes de perfeita.
Primeiro foi o 6, que rejeitou no andamento. Tolerou um múltiplo. Depois a fórmula de compasso, que não tinha pressa de ser 6. Preferiu um 2. E rompeu com o 6 da introdução, preferindo um 8. Minha música é muito rebelde. Quer ser perfeita por ela mesma. Será que não ensinaram pra ela que o perfeito é o 3? Que do casamento da perfeição com a imperfeição surge um imperfeitíssimo 6?
O problema dessa minha música, é que ela quer ser humana demais...
Vamos ver até onde conseguiremos ir juntos. Até a barra dupla, com certeza. Mas, a desvantagem dessa brincadeira de Deus que eu faço diariamente, é que é o instrumentista – e depois o público – que tem o poder do juízo final.