Escolhendo notas

sábado, dezembro 29, 2007

A encomenda que eu não recebi...


Nessa viagem, tive o prazer de conhecer muita gente nova. E, como já falei, a viagem foi mesmo mágica. Pessoas que em poucas horas passei a considerar grandes amigos. Entre essa gente, está a família Ilana: Hermes, Márcia e a pequena Júlia. Passeamos numa tarde, almoçamos num outro dia, ganhei um boné do Hermes (que apesar de ser o departamento da minha filha aqui em casa, já usei só pra matar a saudade) e eles me receberam uma tarde em sua casa.
Não sei se era saudade da minha pequena Laura (já não tão pequena assim), mas a Júlia, com seus 10 anos de idade me encantou. Não só por ser inteligente e talentosa (tive a oportunidade de ouvi-la tocando teclado e violoncelo), mas também por sua gargalhada gostosa - típica de uma menininha de 10 anos (imaginem que gostoso, se essa foto tivesse som...).
Bom, acontece que eu, nesse ponto da minha carreira de compositor, me considero um afortunado. Há diversos músicos (da pesada!) esperando por obras novas, e as encomendas não param. Eu atendo sempre o mais rápido que posso, mas assim como para produzir um bom vinho, uma nova música precisa de um certo tempo de maturação. Mas, além disso, como os pedidos são realmente muitos, a demora às vezes é maior do que eu desejaria. Nem preciso dizer que, hoje, só componho nessas condições: se um bom músico me pedir e me garantir a estréia da obra. Ou o dinheiro tem que valer a pena.
Mas, diante do charme e do talento dessa menininha, não resisti: ofereci a ela uma nova composição para violoncelo solo. Comporia uma música bem bonita, só dela, pra ela tocar à vontade. Já imaginava a menina feliz com a proposta, já me via escrevendo a música mas... ela recusou! Disse, com todas as letras, que não queria que eu compusesse uma música para ela. Eu ainda adverti: olha, que tem um monte de músicos bons querendo... e ela não se abalou. Sempre simpática: não, obrigada...
É, às vezes é preciso uma linda menininha de riso fácil pra manter a gente humilde. O mais bacana é que não fiquei triste ou com raiva. Um pouco decepcionado, é verdade. Mas é mais um motivo que eu tenho na vida (dentre tantos outros), pra querer ser um compositor bem sucedido: poder, um dia, ter uma música encomendada pela pequena Júlia.